A Falibilidade dos Projetos Humanos
“Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco e depois se desvanece” (Tg 4.14).
Tiago 4.13-17
“13 – Eia, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos a tal cidade, e lá passaremos um ano, e contrataremos, e ganharemos.
14 – Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque que é a vossa vida? é um vapor que aparece por um pouco e depois se desvanece.
15 – Em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo.
16 – Mas, agora, vos gloriais em vossas presunções; toda glória tal como esta é maligna.
17 – Aquele, pois, que sabe fazer o bem e o não faz comete pecado.”
INTRODUÇÃO
O ser humano, por causa de sua natureza carnal, é inclinado a dar lugar ä soberba e ä presunção, julgando-se capaz de realizar seus desejos, independente da vontade de Deus. Muitas vezes, planos, programas e projetos são elaborados, metas são traçadas, decisões importantes são tomadas na igreja, na família e na vida pessoal, sem que a soberana vontade do Senhor seja levada em conta. A tendência é o fracasso, pois o homem é efêmero e mortal. Que o Senhor nos ajude a depender dEle em nossa vida.
I – PORQUE OS PROJETOS HUMANOS SÃO FALÍVEIS
1. Muitos planos e projetos nascem da soberba. O orgulho humano leva as pessoas a se julgarem donas de suas vidas, seus talentos e de seu futuro. Diante disso, costumam fazer projetos e planos, e pensarem no que vão fazer hoje, amanhã, e até num futuro mais distante. Na mídia, certos apresentadores de TV, ao se despedirem dizem: “Até amanhã, com certeza”. Ainda que seja linguagem jornalística, reflete o orgulho humano, pensando que tem controle sobre o amanhã. Davi pede que Deus o guarde da soberba (Sl 19.13), pois ela engana (Jr 49.16) e leva à queda (Pv 16.18). Deus resiste ao soberbo (Tg 4.6).
2. Não levam em consideração a vontade divina.
a) Governantes soberbos. Há governantes que se julgam onipotentes. Fazem planos e mais planos para os países, estados e municípios, mas, ao final, vem o fracasso. São como Nabucodonosor, o famoso rei da Babilônia, que um dia, passeando pelo palácio real, orgulhou-se da grandeza do seu reino, atribuindo a si todo aquele poder. Em conseqüência, foi humilhado por Deus, ficando louco e comendo erva como os animais, até reconhecer que o Altíssimo é quem reina (Dn 4.29-37). Hoje, o Diabo tem enganado governantes e empresários. Ante a incerteza do futuro, ao invés de consultarem a Deus, estão buscando aos demônios da Nova Era, consultando tarôs, búzios, duendes, videntes, etc. A Bíblia tem razão, quando afirma que eles vão “enganando e sendo enganados” (2 Tm 3.13).
b) Pobres mortais soberbos Tiago referiu-se a essas pessoas, mesmo crentes, quando diziam: “Hoje ou amanhã, iremos a tal cidade”. Isso revela a idéia inconsciente de que podiam ter poder sobre suas vidas, principalmente, sobre a capacidade de ir e vir. Essas pessoas acrescentavam: “…e lá passaremos um ano, e contrataremos e ganharemos” (v.13). Há alguma coisa errada em querer viajar, passar um tempo num lugar, fazer negócios e ter o lucro legítimo? Certamente, não. O problema é que aqueles que eram crentes, faziam seus planos, confiando em si mesmos, julgando-se auto-suficientes, sem levar em conta a vontade de Deus. Isso é insensatez. O Sábio dizia: “Não presumas do dia de amanhã, porque não sabes o que produzirá o dia” (Pv 27.1).
II. A VIDA HUMANA É FALÍVEL
1. O dia de amanhã não nos pertencem Jesus disse que não devemos inquietar-nos pelo dia de amanhã, “porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo” (Mt 6.34). TIago diz que “não sabeis o que acontecerá amanhã” (v.14a). Sempre que tivermos de fazer planos, projetos, orçamentos, precisamos, antes orar a Deus, submetendo-nos à Sua soberana vontade, buscando a orientação divina.
2. A vida é como um vapor (v.14).
a) “Que é a vossa vida?” (v.14b). O apóstolo pergunta: “que é a vossa vida? ” e responde, de modo incisivo e inflexível: “É um vapor que aparece por um pouco e depois se desvanece”. No original grego, o termo vapor é atmis, significando, também, “fumo”, “fumaça”. É a isso que Tiago compara a vida humana. Sendo a vida assim, comparada a algo tão tênue, fugidio e frágil, como podemos fazer projetos e planos para nossas vidas, sem levarmos em conta o poder e a vontade de Deus?
b) E depois? Há muito tempo, um folheto evangelístico publicou a história de uma jovem universitária, que indaga porum velho pastor como ia sua vida, disse: “Vou muito bem”. O pastor perguntou: “O que vai fazer depois de formada? ” – “Vou exercer minha profissão”. Seguiu-se o diálogo: – “E depois?” – “Vou me casar.” – “E depois?” – “Vou ter filhos…” – “E depois?” A jovem ficou pensativa. Ela não pensara na eternidade. Não pensara em Deus. O pastor lhe falou das coisas de Deus, fazendo-a refletir sobre a importância de colocar Deus nos projetos da vida, principalmente quanto à salvação.
III. CONSIDERANDO A VONTADE DE DEUS
1. “Se o Senhor quiser” (v.15) Ensinando os crentes que se julgavam auto-suficientes. TIago diz-lhes que, em lugar de afirmarem seus propósitos com tanta segurança, deveriam dizer: “Se o Senhor quiser…”. Com isto o apóstolo ressaltava a importância de se considerar a vontade soberana de Deus. Antigamente, segundo o teólogo Champlin, “quando pessoas piedosas escreviam cartas, acrescentavam “D.V.”, a quaisquer planos mencionados”. Estas duas letras significam “Deo volente”, ou seja, Se Deus quiser. De fato, como servos de Deus, dependendo dEle, jamais devemos ser auto-suficientes. Em lugar disso, é melhor considerar a Sua vontade, pois Ele sabe muito mais o que é melhor para nós, no hoje e no amanhã. Jesus deu-nos o exemplo de submissão à vontade de Deus, no Getsêmani, dizendo: “…faça-se a tua vontade” (Mt 26.42).
2. “E se vivermos” (v.15). Além de considerar a vontade de Deus, o apóstolo lembra o fato da imprevisibilidade quanto à existência do homem, pois, sendo a vida comparada a “um vapor que aparece por um pouco e depois se desvanece”, necessário é, também, admitir a possibilidade de estar vivo ou não, quando da realização dos projetos. Jesus contou a história de um homem rico, que confiava em si mesmo, em seus bens, e, assim, fazia seus projetos para o futuro, dizendo: “Que farei? Farei isto…. derribarei… recolherei… e direi…” (Lc 12.18,19). Mas Deus o chamou de “louco”, por julgar-se capaz de ser dono da vida e do futuro (Lc 12.20). Quantos mortais estão sendo vistos assim pelo Senmhor!
3. A glória maligna. Tendo em vista que as pessoas exortadas por Tiago não levavam em conta a vontade de Deus e a fragilidade da vida, o apóstolo lhes disse: “Mas, agora, vos gloriais em vossas presunções; toda glória tal como esta é maligna” (v.16). É verdade. Quando o homem gloria-se em suas presunções ou em sua arrogância, está sendo dominado por um espírito de altivez maligna. Em lugar disso, devemos nos gloriar “no seu santo nome” (1 Cr 16.10a), em conhecer ao Senhor (Jr 9.24) “na esperança da glória de Deus” (Rm 5.2b). A conclusão é “aquele que se gloria, glorie-se no Senhor” (1 Co 1.31).
IV. O PECADO DA OMISSÃO NA VIDA
“Aquele, pois, que sabe fazer o bem e o não faz comete pecado” (v.17). Após demonstrar nos versículos 13 a 16 a falibilidade dos projetos humanos, ante a fragilidade da vida. TIago conclui sua exortação mostrando que devemos aproveitar o tempo em que vivemos, concedido por Deus, para fazer o bem. Se não o fazemos, pecamos.
1. A fé e o bem. Conforme já estudamos, “a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma” (Tg 2.17). No mesmo contexto da epístola, fazer o bem é fazer boas obras, que autenticam a fé genuína, salvivífica, que se expressa em testemunho eloqüente nas atitudes altruístas, agindo em favor dos outros. Tiago harmoniza-se com o ensino de Jesus: “Convém que eu faça as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar” (Jo 9.4). Devemos fazer o bem “enquanto é dia”, ou seja, enquanto temos vida. Para muitos, a noite já chegou.
2. A quem fazer o bem. A Bíblia é totalmente harmônica. Paulo diz: “E não cessemos de fazer o bem… Então, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé” (Gl 6.9,10). Durante o breve período da vida, precisamos fazer o bem às pessoas em geral e, de modo especial, aos nossos irmãos em Cristo, que fazem parte da família de Deus.
Conclusão
Nos poucos versículos estudados, encontramos lições práticas e preciosas para o nosso viver. Ante a brevidade da vida, tipificada na figura do “vapor que aparece por um pouco e depois se desvanece”, devemos sempre considerar a vontade de Deus, jamais orgulhando-nos de nossas forças, capacidade, recursos e condições. Dizer “Se Deus quiser”, antes de levar à frente qualquer projeto é sinal de sabedoria e humildade diante do Senhor.
Fonte: Retirado da revista Lições Bíblicas – Jovens e Adultos – 1º Trimeste de 1999 – Publicação Trimestral da Casa Publicadora das Assembléias de Deus – Avenida Brasil, 34401 – Bangu, Telefone: (21) 406-7373, Fax: 406-7300 – CEP 21852-000 – Rio de Janeiro, RJ. Telefone da Filial de Brasília: (61) 321-9030 e 321-9288.